segunda-feira, 22 de novembro de 2010
JAY VAQUER - O MELHOR DO POP ROCK NACIONAL
O Brasil é um país engraçado.Jay Vaquer sabe bem disso e guiado pela intuição, transformou qualquer possibilidade de crise em diferencial. Dono de alguns dos versos mais interessantes (e polêmicos) da música pop rock brasileira e de sempre lançar clipes inteligentes, cuida de cada detalhe como se fosse o projeto de uma vida. Isso reflete na qualidade sonora, na sua postura de palco e na mensagem que quer passar.
Alguns críticos o taxaram de pessimista. Ser otimista no Brasil? Dançar a boquinha da garrafa e cultuar mulheres frutas? Por favor Vaquer, "me tira daquiiiiii".
Poucos artistas me emociona tanto quanto ele. No palco ele entra doce, "com a calma de um Deus, olhos de uma fera, braços de ateu, é tão bonito!".
Minha maior definição para Jay Vaquer é que ele é etc!
ARCHANJJOS NO VILHENA
A festa durou a noite inteira. E os archanjjos tocaram as trombetas. E houve saraiva e fogo." Apocalipse 8 vers 7
Archanjjos não é uma banda de rock alternativo. A palavra alternativa significa algo que adota uma posição independente em relação a tendências dominantes. E a tendencia dominante do rock é ter atitude, ser irreverente e fazer um bom barulho. Ou um barulhinho bom, como diria Gilberto Gil. Então quem faz rock alternativo é Restart, NxZero e outros coloridos que fogem do que o bom rock propõe. Archanjjos nasceu classica em suas melodias e na incrivel parceria de João (ex Johnny) e Junior. Ficou completo com o anjo Miguel.
A presença de palco me remeteu ao que existe de melhor no underground da Augusta. Os amigos, a qualidade sonora, a boa embriaguez. O Junior quando abre a boca nao canta, ele é a propria música. O João tem olhos atentos, cristalinos. Parece ser o archanjo que equilibra os excessos do Juninho e o vulcão Miguel. Sim, vulcão! A impressão que dá, que Miguel quer sempre mais.
O repertorio foi impecável. O começo foi um convite "venha comigo" e na frase genial "one tinhg i can tell you is you got to be free". Você tem que ser livre. Depois emendou com Back to black que foi uma surpresa agradavel, dessas que a gente diz: "não acredito!". Genial. E tudo estava ali, todos os sons, tribos. A lingua do rock na lingua do Junior, não mãos de João e Miguel.
E se farofa já dá uma apimentada no arroz com feijão ou é o complemento perfeito para um bom churrasco, não fugiu a regra. A presença dele foi um dos pontos altos, onde nos sentimos em casa, no meio de amigos, celebrando a musica, a vida.
Uma noite simples.
E mágica.
Pois é, archanjjos já tocaram as trombetas e o show tem que continuar.
DANIELA MERCURY
Não quero julgar qualidade vocal ou afinação. Daniela Mercury é em Salvador uma severa sacerdotisa. Personifica a própria cidade. É um relacionamento íntimo que deu a ela sua identidade artística. Daniela surge como uma grande explosão. Faz música pop, mas possui outra dimensão incrível que Ivete Sangalo e Claudia Leitte não tem: um grande conhecimento sobre folclore, sobre grupos étnicos brasileiros e sobre a história da Bahia. Foi La Mercury que trouxe nova sonoridade, nova cor à musica brasileira e responsável por fazer mauricinhos e patricinhas cantarem a negritude baiana.
É por essa inquietação musical e cultural, que tem todo meu respeito e admiração.
O PIANISTA E A SEREIA
Ná Ozzetti sempre encosta no fundamental. Todos seus trabalhos tem o capricho de uma artesã, uma operária da música. E dessa vez o fundamental é André Memahri que dá suporte pra sereia cantar e nos seduzir rumo a locais e mares internos do coração. Entro em transe com duas audições, uma com a sua voz que se basta e a outra audição é com o piano justo, inteiro e emocionante. Numa faixa, falta o folego e dá vontade de levantar da cadeira da sala e gritar "Bravo! Bravíssimo!", na outra faixa, a emoção contida, lagrimas de saudades, as vezes de alegria por ouvir algo tão delicado e bem tocado.
A impressão que dá, é que Andre Mehmari está em tantos projetos porque tem muito o que dizer e seu piano é mais do que ponte, ele amarra a voz, os assuntos e tudo o mais que se transforma no desejo de cada nota tocada nos levar para onde quiser. Assim como no Flautista de Hamelin seguimos desarmados e felizes pelas estradas de "Piano e Voz", um cd clássico.
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