terça-feira, 26 de outubro de 2010

LADEIRA DA PREGUIÇA



Recebi algumas propostas para ser crítica musical, mas ainda não aceitei. Não fico confortável na postura de escrever profissionalmente sobre determinado trabalho ou artista. Sou dessas que gostam de realizar e confesso que sempre achei que os críticos eram artistas frustrados. Ok, muita ignorancia da minha parte, afinal eles são essenciais na construção de...na construção de que mesmo? Mas enfim, a crítica é importante porque ela nos ajuda a refletir a arte.
De qualquer forma sempre achei mais interessante botar a mão na massa e deixar pra vida e pras pessoas julgarem se aquilo é bom ou não pra elas. Gosto de me concentrar no que é bom, exaltar os bons músicos que conheço. E não faço isso profissionalmente, mas por gosto pessoal.
No entanto, agora que virei empresária músical, tenho sido muito observadora. E esses dias fui garimpar novos talentos. Aproveitei algumas viagens e fui conhecer os cantores de barzinhos, e gente que faz faculdade de música.
Encontrei aquilo tudo que esperava: muita gente talentosa naturalmente e muita gente que tá na ladeira da preguiça.
É impressionante como tem cantoras (es) que vivem numa postura blasé, com uma falsa humildade e uma embalagem cool. Elas geralmente cantam "Ladeira da Preguiça" e algumas outras músicas que bebem na fonte da mpb com jazz. Alguns dizem que são otimas, encantadoras. Mas a minha opinião é que poucas contribuem para a criatividade musical, poucas ousam na busca de novos sons. Caem no mais do mesmo.
Em contraponto, vi algumas cantoras (es) cantando um repertorio simples, emotivo. Pessoas que carregam na alma a importancia de se expressar para nao enlouquecer.
E aí é que o menos é mais.
Assisti um show da Fernanda Takai esses dias e me surpreendi. Não gostava dela e no entando ela me provou que cantoras de voz pequena não precisa se esgoelar para tirar o melhor da música.
Escutar a interpretação delicada de Fernanda para músicas como Ben, do repertório de Michael Jackson, pode ser uma experiência renovadora: descobre-se que não é preciso se esgoe-lar como um calouro do American Idol para transmitir emoção.
Mas voltando a falar de experiencias inovadoras na música, vi alguns casos mais caseiros e que dão conta do recado. Destaco a ótima banda "Maloca Fina" de Rio Claro, que passeia por um repertorio desde "Eu bebo sim" até coisas mais atuais e numa energia impressionante. Eles não saem do tom e o show deles é inquietante. Buscam uma sonoridade inovadora para canções tão conhecidas.
Destaque para Maria Rita, que a cada música que grava tem a delicadeza de torna-la maior. Ela nao é uma cantora incrivel na sua extensão vocal, mas sabe usar e abusar das letras e melodias. Podem dizer o que for, mas analisando o crescente trabalho, percebe sua capacidade de criar.
Outra que me emociona e tá apenas começando a carreira, mas merece minha atenção é Bruna Morais, tão intensa e segura que quando você ouve ela cantando, nem parece que tá ouvindo uma cantora, mas temos a sensação de estar pensando. Ela entra dentro de você suavemente. E suas composições com o mestre Italo Lencker nasceram classicas. É pra quem pode e não faz cara de "eu sou cool".
Do rock atual, a única banda que merece meu comentário é Archanjjos, uma banda de Rio Claro, quase amadores e tão geniais. Ainda não sabem de sua importancia na contribuição de um rock com boas melodias bem construídas e letras inteligentes. Eles dizem brincar de fazer música e no entanto criam mais que os profissionais.
Sobre as Universidades de Música, deixarei para falar num outro post, esse tá ficando grande demais. Mas me espantei com o circo de horrores e de mau gosto que tenho visto. Tirando o pessoal da música instrumental que vem se renovando sempre, pesquisando, estudando e lutando para ter seu espaço numa carreira cheia de pedras, o pessoal da música popular tem caído no que é seguro:
cantem "Ladeira da Preguiça"...é a cara de vocês.

MISTURA DE XORORÓ COM JANDRA



Gente! Ontem vendo o Jô Soares me deparei com a turma do Restart! Levei um susto pq eu era assim quando criança: boba e colorida. Acho que o Pe Lanza irá ser minha concorrente no futuro, tenho certeza!
Mas fiquei refletindo seriamente sobre o sucesso deles. E não é que vi um cara falando que eles fazem sucesso porque hoje em dia as crianças estão dominando o mundo e eles são um produto pra criançada. Faz sentido.
De qualquer forma achei de um vazio total a entrevista e fragil demais essa carreira baseada em tão poucos acordes.
Que mundo eles vivem? E que coraçãozinho são aqueles que eles fazem com as mãos? E as letras refletem o que? O vazio da nossa existencia atual?
Ai que saudade da época que não tinha internet e a gente lia a série vagalume e brincava na rua. Viviamos historias reais e não virtuais.
É...eu sei, o mundo tá precisando de amor.
Mas confesso que senti um pouco de vergonha alheia do modo de como eles manifestam esse amor.
Acho que com 18 anos eu já sabia que morava no Brasil.